Regulamento
O modelo do Mundial é um pouco diferente do que estamos
acostumados. A primeira fase conta com 4 grupos (A, B, C e D) de 6 times cada.
Após a fase de grupos, o campeonato desmembra-se em dois: President’s Cup e
Playoffs simples.
President’s Cup
Na President’s Cup, jogam os últimos dois colocados de cada
grupo. No primeiro dia, 5º contra 5º e 6º contra 6º, sendo os confrontos entre
times dos grupos A contra B, C contra D. No dia seguinte, os quatro vencedores
disputam as posições de 17 a 20 no torneio, e os perdedores 21 a 24.
Playoffs
Os playoffs são como de costume: das oitavas à final. As
partidas das oitavas são entre 1º colocado do A/C e 4º colocado do B/D, e 2º e
3º da mesma maneira. Os que caírem nesta fase se classificam entre as posições
9 e 16 por ordem de campanha. Quartas e Semi com o modelo padrão. Após as
semifinais, ocorrem os jogos que decidem as posições de 5 a 8. Antes da final,
disputa de terceiro lugar. Todas as fases são em jogo único.
Os Grupos
Grupo A
Espanha – Uma das favoritas ao título, foi a campeã da última
edição e teve o 3º lugar no Mundial de 2011 em sua casa. A equipe conta com os
craques Julen Aguinagalde, Joan Canellas, Arpad Sterbik, Víctor Tomás e Raúl
Entrerríos. Julen foi eleito melhor pivô de 2014, jogando pelo Vive Kielce
(Áustria), e Cañellas, jogador do Kiel (ALE), o quarto melhor central. Tomás o
segundo melhor ponta-esquerda do mundo, Sterbik* o terceiro melhor goleiro e
Entrerríos o melhor central da ASOBAL (Liga espanhola) em 2010 e 2011 jogam no
Barcelona. A seleção hispânica chega com uma equipe titular bastante coesa e
com boas trocas para jogadas defensivas. Viran Morros é o segundo melhor
defensor do mundo, seguido por Gedeon Guardiola. Ambos também jogam pelo time
catalão. Semifinal é o mínimo esperado por essa potência. Minha primeira
finalista, Top 2.
*Sterbik não se recuperou a tempo de uma lesão e está fora
do Mundial.
Eslovênia – Surpresa do Mundial de 2013 com o 4º lugar, a
Eslovênia chega em 2015 para mostrar que deixou de ser promessa pra ser uma
grande seleção de handebol. Com uma boa mescla de juventude e experiência, a
seleção tenta fazer barulho pelas mãos da revelação de 2013 Jure Dolenec
(Montpellier - FRA), do ponta-direita Dragan Gajic, o Gajo (Montpellier), e do
segundo jogador mais velho do time, Luka Žvižej (RK Celje - ESL). Os eslovenos
miram a semifinal, mas seria uma surpresa se acontecesse. Brigam pelo Top 8 e
devem ficar no Top 16.
Catar – Com apenas quatro participações e nenhum resultado
expressivo, o Catar chega para dar festa à sua torcida. Como não podem
contratar jogadores para seleções nacionais, a anfitriã contratou o que dava: o
técnico que levou a Espanha ao título Mundial de 2013. Valero Rivera terá peças
interessantes para trabalhar, como o goleiro Saric do Barcelona e o armador
Hamad Madadi, do time local Leckwiya. Sem muitas esperanças, os catarianos
apostam na qualidade do técnico para conseguir uma ou duas vitórias. Brigam
pelo Top 20.
Bielorrússia – Apenas duas participações em Mundiais, mas
uma classificação para 2015 sobre a forte Montenegro nas eliminatórias. O
quarto melhor meia esquerda do mundo e um líder goleador. Em 2015, a
Bielorrússia tenta mostrar a força que prometeu nas eliminatórias. Siarhei
Rutenka (Barcelona) e Ivan Brouka (SKA Minsk – BLR) são os principais nomes do
time. Com experiência e potência, esses dois contam com o central Barys
Pukhouski que arma e ataca muito bem. Porém, vimos muito pouco dos bielorrussos
para cravar um Top 8. Não são fáceis, mas devem ficar com o Top 16.
Brasil – No último Mundial ficamos com a inédita 13ª
posição. Nos últimos anos, tivemos várias transferências de jogadores para o
exterior – principalmente para a Espanha. Com um dos times mais jovens no
campeonato, o Brasil mira as quartas de final, um caminho bastante possível.
Qualidade não será problema. O técnico espanhol Jordi Ribera conta com o inteligente
Diogo Hubner (Taubaté) como central, que divide a tarefa com seu companheiro de
equipe, Teixeira; a ponta esquerda é bem guardada pela estrela Felipe Borges
(Montpellier); Chiuffa leva sua eficiência para a ponta oposta; as revelações Arthur
Patrianova (Villa de Aranda – ESP) e Valadão (Granollers – ESP) jogam pela meia
esquerda, dividindo a tarefa com a experiência de Japa (Taubaté); Zé
(Granollers), 21 anos, e Zeba (Pinheiros) jogam pela meia direita; as
referências no pivô são Tchê (Guadalajara – ESP) e Vini (Pinheiros); nosso gol
tem um desfalque enorme, Maik, que será substituído por Bombom (Guadalajara) e
Rick Miles (Taubaté). A juventude tenta fazer a diferença em 2015, guiada pela
experiência de outros craques. Com muito jogo de transição, temos que encaixar
o contra-ataque, acelerar o jogo e manter a calma. Com eficiência, temos a
obrigação de fazer o 3º lugar no grupo, mas mirando o 2º. Nas oitavas, enfrentaremos
Áustria, Tunísia ou Macedônia, confrontos difíceis, mas possíveis. Brigamos por
Top 16, buscando ficar entre 9º e 12º.
Chile – O time mais fraco do grupo e talvez do campeonato. O
melhor jogador chileno é o pivô Marco Oneto (Minder – ALE), seguido do ponta
esquerda Salinas (Bucareste – ROM). Como os dois melhores jogadores da equipe
não são armadores, veremos um show de contra-ataques dos times adversários. Brigam
para fugir da lanterna. Top 23.
Grupo B
Croácia – Um ouro, três pratas, um bronze. A Croácia é de
longe o melhor time do Grupo B, cotada para as semifinais. Os croatas confiam no
melhor jogador do mundo de 2013, Domagoj Duvnjak (Hamburg – ALE), para
orquestrar a seleção de craques como Igor Vori (PSG – FRA) e Manuel Strlek
(Kielce – POL). A defesa já foi um ponto forte da Croácia, mas vem apresentando
dificuldades que serão testadas a partir das quartas de final. Miram o sonhado
título, devem disputar Top 4.
Bósnia-Herzegovina – É a primeira viagem dos bósnios, mas
querem voar alto. Estreante no Mundial, a Bósnia se classificou com uma vitória
apertada sobre a forte Islândia. Armados pelo central Ivan Karacic (Meshkov –
BLR), os bósnios tentam surpreender e conseguir a classificação para as
oitavas. Nikola Prce é um bom meia esquerda para a companhia de Karacic.
Entretanto, pela inexperiência internacional e falta de elenco, a Bósnia deve
lutar pelo Top 20.
Macedônia – Não estamos
acostumados a ver a Macedônia nos principais esportes internacionais. Mas no
handebol ela começou a aparecer de fininho, querendo dar passos mais
largos. Kiril Lazarov foi eleito melhor meia direita do mundo, defendendo o
Barcelona. Seu principal companheiro é Renato Vugrinec (Metalurg), de incríveis
39 anos. Focar o jogo em poucos nomes é um grande risco, mas pode ser o acerto
da terceira equipe dos Bálcãs no Grupo B. Projeção de Top 16.
Áustria – Sem muitas
participações em Mundiais, a Áustria chega com dificuldades em 2015. Muito
dependente da estrela Viktor Szilagyi (Bergischer – ALE), tentará o quarto
lugar do Grupo B, que será possível se vencer o Irã e um concorrente como
Bósnia, Tunísia ou Macedônia, missão bastante complicada. Brigam pelas oitavas,
mas devem fazer o Top 20.
Irã – Aquele time
que dará saldo de gols aos concorrentes do grupo. Sem tradição e sem grandes
promessas, o time asiático não leva grandes nomes (Iman Jamali se lesionou) e
tenta sair com uma vitória apostando nos mais jovens. Aposta para lanterna do
torneio. Top 24.
Tunísia – Um dos
melhores times de handebol não europeus, a Tunísia briga forte pelo segundo
lugar no grupo. Wael Jellouz (Barcelona), Aymen Toumi (Nantes – FRA) e Issam
Tej (Montpellier – FRA) têm muita qualidade para colocar em quadra, e vão
mostrar isso em 2015. Otimista, Top 16 para a Tunísia.
Grupo C
França – Uma máquina
de espetáculos. Melhor elenco do torneio, a França vem para o título do
Mundial, depois de conseguir o ouro no Europeu de 2014. Claude Onesta, há 14
anos como técnico dos azuis, tem uma história muito vitoriosa com esse time.
Thierry Omeyer (PSG) foi o primeiro goleiro a ganhar o prêmio de Melhor Jogador
do Ano, e é considerado o melhor na sua posição das últimas duas décadas; Jerome
Fernandez foi duas vezes melhor meia esquerda da ASOBAL (ESP) e do Campeonato Francês,
ganhando o prêmio de melhor jogador da Liga; Nikola Karabatic foi eleito melhor
jogador do Mundo em 2014 pela Handball Planet, ganhou o prêmio oficial da IHF
em 2004 e tem vários prêmios jogando tanto como meia esquerda como de central;
Daniel Narcisse (PSG) foi melhor jogador do mundo em 2012, e, assim como
Karabatic, joga de central e meia esquerda. Enfim, a lista de craques é
parecida com a lista de convocação francesa, então com certeza é a minha aposta
para esse Mundial. França Top 1.
Suécia – Tradição
é sobrenome. Tem 11 medalhas e 4 títulos. Ansiedade vem em seguida. Depois de
estar em todos os pódios entre 1990 e 2001, a Suécia não sobe nos degraus desde
2003, batendo na trave em 2011. O time fecha o gol com Mattias Andersson (Flensburg)
e abre a porteira adversária com Kim Andersson (Kolding). O cherife Tobias
Karlsson (Flensburg) é o experiente capitão do time e mostrou nessa temporada
que tem gás para brigar pelo pódio. Apesar da camisa e dos craques, a Suécia
não consegue definir na hora H, e isso me faz colocá-la apenas no Top 8.
Argélia – Várias aparições
em Mundiais e talvez a campanha mais regular de todas: Nunca ficou abaixo da
19ª posição ou acima da 13ª em 13 campeonatos disputados. Com um time bem
mediano sem sua estrela Hichem Boudrali que se aposentou, a Argélia tenta fazer
milagre para chegar às oitavas. Para a operação, conta com o bom Messaoud
Berkous (Pétroliers) para garantir alguns gols e buscar uma ou duas vitórias.
Top 20 é o razoável para a equipe que tenta, sem forças, o Top 16.
República Tcheca –
Sem participar desde 2007, a República Tcheca chega ao Mundial empolgada com a
atuação nas Eliminatórias. Filip Jicha (Kiel) é o cara: levou o prêmio de
melhor jogador do ano em 2010 e tem a dura missão de encarar França, Suécia e
Islândia no mesmo grupo. Qualquer tropeço contra Argélia ou Egito pode
significar o fracasso na fase de grupos. Sem grandes nomes além de Jicha, a
República Tcheca deve avançar apenas até as oitavas, ficando com o Top 16.
Islândia – Várias
participações, mas nada além das quartas de final. Sendo chamada após a
desistência da seleção do Bahrein, a Islândia chega contestada para o Mundial.
Com isso, tenta provar que pode ser referência no handebol com atletas do mais
alto nível: Sigurdsson (Barcelona) foi eleito o melhor ponta esquerda de 2014 e
Palmarsson o terceiro melhor central. Com força total, pode fazer a Suécia
tropeçar e conseguir um segundo lugar no Grupo C. Aposta para Top 8.
Egito – Desde 2003
objetivando chegar às oitavas, o Egito não terá vida fácil em 2015. Com um
grupo fortíssimo, terá de arrancar pontos da Argélia e da República Tcheca para
acalçar o Top 16. Podem não ser a grande promessa do Mundial, mas com certeza
nos dará um jogo espetacular contra o time argelino, seu principal rival. Pela
concorrência, Top 20 para os egípcios.
Grupo D
Dinamarca –
Referência, 10 semifinais em 21 participações, mas nenhum ouro. Porém, ele pode
aparecer em 2015. A Dinamarca chega com quatro jogadores entre os melhores em
suas posições. São eles: o segundo melhor ponta esquerda de 2014, Anders Eggert
(Flensburg – ALE); o terceiro melhor ponta direita de 2014, Lasse Svan Hansen (Flensburg);
o melhor goleiro de 2014, Niklas Landin (Kiel – ALE); e o melhor jogador do
mundo em 2011, o meia esquerda Mikkel Hansen (PSG – FRA). Com essa pancada de
bons jogadores, a Dinamarca chega com força total para alcançar seu primeiro
título de Mundiais. Por enfrentar a França num possível duelo de semifinal,
coloco os dinamarqueses no Top 4.
Polônia – Cair
nesse Grupo D não era o que os poloneses mais desejavam. Com Dinamarca e
Alemanha como potências, a Polônia vai ter que ralar contra a Rússia e contra a
Argentina (teoricamente mais fraca). Karol Bielecki (Kielce) é a estrela de um
time muito coeso e entrosado. Sem grandes craques, sempre mantem um jogo
equilibrado e seguro. Porém, só com uma boa combinação de jogos vai escapar de França e Suécia nas oitavas de final. Top 16 para os poloneses.
Rússia - A herança da União Soviética é bem clara no handebol, ainda mais em seu núcleo. A Rússia só ficou de fora das quartas uma vez desde o fim da URSS. O "Antigo Gigante" tenta se atualizar e voltar a ganhar medalhas - o que não ocorre desde 1999. Dmitry Kovalev é o líder do time, e confia na canhota de Konstantin Igropulo e na direita de Timur Dibirov para desequilibrar jogos contra Alemanha e Polônia. Bastante físico e determinado, o time russo vem completo, mas sem muitas surpresas. Se conseguir a segunda posição no Grupo, pode ser Top 8. Mas como acredito que a Alemanha terá esse posto, coloco a Rússia no Top 16.
Argentina - Similar ao Brasil, o time procura chegar às quartas, mas enfrenta o problema de todo o Grupo D: os times que passarão para as oitavas do Grupo C. Sebastian Simonet é o dono de um dos jogos mais bonitos da América, mas não será suficiente para escapar de França ou Suécia caso permaneça em quarto lugar. Seria surpreendente se passasse do Top 16.
Arábia Saudita - Sétima participação, e não fará nada além de cumprir tabela. A melhor colocação da equipe foi um 19º lugar, o que não deve se repetir esse ano. Mohammed Alzaer é o artilheiro do time e tem apenas 180 gols em 130 jogos (uma boa média seria de 4 gols por jogo). Top 22 para os sauditas.
Alemanha - Tradicional e muito interessante, ganhou o Mundial de 2007 e teve o 5º lugar em 2013. A Alemanha sempre procura o pódio nas competições internacionais, mas perde sempre para o mesmo inimigo: as estrelas. Os alemães contam com o ótimo Uwe Gensheimer, mas sem ele, não têm nenhum outro jogador fora dos padrões, e isso atrapalha na hora da decisão. França, Dinamarca, Espanha e Croácia provam que o fator "craque" é essencial. Com campanha regular e um segundo lugar no Grupo, Top 8 para a Alemanha.